segunda-feira, 30 de junho de 2014

Deputada Liza Prado defende direitos dos idosos na Comissão de Direitos Humanos da ALMG

Fórum do Idoso listou propostas para políticas públicas. Entre as sugestões debatidas em audiência, a redução da idade para o passe-livre e a punição mais rígida a maus tratos


Deputada Liza Prado recebe, da coordenadora do Núcleo de Meio Ambiente e Saúde da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Márcia das Chagas e Vallone, propostas que serão transformadas em requerimentos em prol dos idosos


Co-autora do Projeto de Lei que determina a gratuidade no serviço de transporte coletivo intermunicipal no Estado de Minas Gerais às pessoas com idade superior a 60 anos, a deputada Liza Prado foi a autora do requerimento que originou a audiência pública que a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou na quarta-feira, dia 25 de junho. O objetivo foi debater os resultados do 3º Fórum Mineiro sobre os direitos do idoso, realizado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Geirais (PUC Minas).

Conceder passe-livre aos 60 anos (e não aos 65, como é hoje), ampliar a divulgação dos direitos desse segmento da sociedade, punir com mais rigidez maus tratos a idosos, fortalecer a rede de atendimento, disponibilizar mais vagas nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e ampliar o acesso de municípios de pequeno porte ao Programa Mais Vida. Essas foram algumas das propostas do Fórum apresentadas na audiência pública pela coordenadora do Núcleo de Meio Ambiente e Saúde da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Márcia das Chagas e Vallone.

O 3º Fórum Mineiro sobre os direitos do idoso foi realizado pela PUC Minas, com o apoio da ALMG e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em maio deste ano, com a presença de 400 pessoas. As atividades do Fórum foram centradas em envelhecimento com qualidade de vida. A deputada Liza Prado (PROS), que participou do encontro, ressaltou que as questões afetas ao segmento devem ser consideradas como prioritárias pelos gestores públicos.

Na audiência, Liza Prado destacou a importância da reunião, “pois permite que o Parlamento conheça dados e ouça as pessoas envolvidas com trabalhos direcionados aos idosos, para utilizar tais informações na elaboração de políticas públicas que atendam ao segmento”. Exemplo disso, lembrou a parlamentar, é a Lei 21.121, de 2014, que permite a idosos passe-livre nos ônibus intermunicipais e da qual é uma das autoras. A norma, aprovada pela ALMG em dezembro de 2013 e vigorando desde 1º/3/14, responde a uma das demandas apontadas no debate sobre os resultados do "1º Fórum", realizado em 2009.

"Com esta audiência, podemos discutir resultados, além de obter dados específicos sobre o assunto, que podem melhor embasar debates, ações e políticas públicas. É também essencial que as informações saiam do âmbito das universidades e sejam expostas para todo o Estado, como é feito por meio da TV Assembleia, a fim de divulgar esses importantes conhecimentos sobre a realidade dos idosos mineiros", destacou Liza Prado.

Convidados apresentam dados sobre realidade dos idosos mineiros
O coordenador do Disque Direitos Humanos (serviço Disque 100) da Secretaria de Estado de Defesa Social, Jorge Luiz de Noronha, apresentou dados registrados pelo serviço ao longo de 14 anos de atuação. Segundo ele, entre 2001 e 2009, antes de haver as campanhas pró-idosos e pró-denúncias, o Disque 100 recebia uma média anual de 200 reclamações. Após 2010, com a ampliação da divulgação e a realização de campanhas, o número médio passou a rondar, e até mesmo a superar, mil denúncias anuais.

Outro dado importante ressaltado por ele diz respeito ao caráter das denúncias. “Diferentemente do que pensávamos, a maioria das denúncias não envolve entidades de acolhimento ou abrigo, mas sim maus tratos vindos de familiares", informou. As outras queixas mais comuns envolvem diferentes formas de abandono e lesão financeira. "Há ainda uma situação que vem crescendo, as drogas vitimando idosos, por vício próprio ou de familiares”, lamentou Noronha. Ele ainda alertou que os resultados mais efetivos, no que tange ao poder público, são em âmbito municipal, e que as ações de conciliação tem se destacado, registrando os resultados mais concretos.

Visão similar tem o promotor de justiça dos direitos dos idosos, Leonardo Costa Coscarelli que, ao abordar as funções do Ministério Público, destacou a necessidade de que sejam “criadas soluções diferentes e que tragam resultados efetivos, adotando uma postura mais restauradora e focada na mediação”. Nesse sentido, alertou o promotor, antes de levar uma questão ao Judiciário, é preciso construir mecanismos alternativos para solucionar demandas, fazer contatos, chamar familiares e, se for o caso, encaminhá-los a programas de mediação. Ele ainda lembrou as dificuldades na função fiscalizadora do MP, uma vez que muitos problemas são instáveis e podem se repetir após a fiscalização. Assim, garantiu Coscarelli, sua promotoria tem privilegiado a intervenção extrajudicial.

Claryssa Christina Figueiredo, subsecretária de Direitos Humanos, listou programas de proteção ao idoso no âmbito do Estado, como as facilidades estruturais oferecidas ao Conselho Estadual do idoso. Segundo ela, ainda nesta semana, o governador vai assinar um decreto que libera o Fundo Estadual de Atenção à Pessoa Idosa. Informou que está em elaboração o Plano Estadual de Atenção ao Idoso e a criação da Rede de Atenção ao Idoso, e que está sendo feito um mapeamento de projetos de outras secretarias “para articularmos a ampliação e a criação de projetos integrados”, afirmou. Ela ainda ressaltou o investimento da pasta em capacitações para assessorar municípios e em campanhas de alerta e combate à violência contra idosos.

O advogado e professor da faculdade Milton Campos, Camilo Machado, destacou a importância do debate, ressaltando que assim o Parlamento legisla sobre dados. Ele abordou dificuldades enfrentadas pelos municípios de pequeno porte e sugeriu que a comissão propusesse requerimento para que parte do orçamento seja destinado as questões dos idosos. Machado ainda insistiu na necessidade de haver formação técnica dos cuidadores, inclusive com capacitação física, para que tenham condições efetivas de dar suporte e amparar os idosos. Para o advogado também faltam políticas estaduais para reinserir idosos em atividades físicas. Por fim, sugeriu, e foi acatado pelo presidente da comissão, que seja requerido do Estado a criação de curso profissionalizante de cuidadores de idosos.

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